28 de abr. de 2012

CIRCUNSTÂNCIA DE UMA ÉPOCA

Antigamente, quantas mães tiveram dez, doze, quinze, até maisde vinte filhos. Hoje em dia existe uma economia da prole, porque os nossos filhos, filhas, netos e netas, só têm, no máximo um a dois filhos. Esses descendentes são de uma energia, sem limite. A criança começa cedo a se movimentar, deixando todos nós surpresos. Antigamente elas iniciavam a andar, depois de um ano; a falar, com dois a três anos. Hoje, aos oito a nove meses, não aceitam mais engatinhar e passam a falar com pouco mais de um ano

A evolução dos tempos se concentrou mais em um ser. Até parece que a energia que seria distribuida entre muitos se acumulou em um ou dois. Assim, a mãe de ontem que criava com pouca dificuldade dez filhos é o oposto da de hoje, que necessita de muitas mães para criarem um só herdeiro. Por essa razão, precisa de babá, avó, avô. tia, tio e continua sempre a precisar de mais alguém.

Se nós tivermos necessidade de tomar conta de uma criança, é preciso uma atenção total, porque ela reconhece que é muito mais rápida do que nós e se dermos bobeira, ela nos engana na hora.

Se alguma mãe dos tempos passados, que criou dez filhos voltasse do além e convivesse, por um dia, com uma criança da atualidade, certamente diria: Eu criei dez filhos, mas não tinha nenhum igual a você!...       

25 de abr. de 2012

MEU PAI.

Pai, que sofrimento eu tive na sua partida!...
Estava com treze anos e por você era querido,
Em mim ficou uma lacuna, uma ferida,
Que não me fez esquecer aquele dia dorido.

Pai, lembro-me bem da sua constante lida,
Criar todos nós com amor incontido,
Que causou ciume na mãezinha querida,
Quando você ia trabalhar no feriado ou domingo.

Pai, essa ausência em razão da sua ida,
Foi cruél, constante, sem momento findo,
Porque fico a chorar a sua despedida,
Que maltrata o meu peito e continua ferindo.

Pai, difícil é esquecer a quem nos deu a vida,
Criou, amou, amparou, não nos deixou sofrido,
Como se pode deixar de lembrar a triste despedida
Quem tão precoce se foi, sem mesmo ter querido!

Pai, você não pode mais escrever tanta coisa linda
Que foi dedicada a seus filhos, antes de eu ter nascido,
Mas, eu lhe deveolvo em versos, alguma coisa ainda,
Que não se compara, no entanto, ao que nos foi oferecido.

Pai, acho que Deus, por sua bondade infinda,
Escolheu você como o seu verdadeiro amigo,
Muito me consola essa esperança concebida,
Pois lhe verei no céu, quando eu tiver partido!   

24 de abr. de 2012

TANTA BELEZA NA AVENIDA.

Ele se internou para fazer uma simples cirurgia de apêndice. Mas, como não tinha um bom plano de saúde ficou numa enfermaria composta por quatro pacientes. Todos do sexo masculino. Um se localizava na extremidade do salão retangular e seria submetido a hemodiálise; outro se dispunha no centro do compartimento e estava prestes a fazer uma cirurgia no´fígado e o terceiro, ao seu lado, junto à janela, doente de câncer na próstata, em fase terminal. Apesar das várias posições para se instalar, ele e os demais, que não estavam autorizados a se levantar, se conformavam com as respectivas posições, sem poderem descortinar a rua. Contudo, o seu vizinho, acometido da maldita doença, tornava para ele os dias mais agradáveis, pois, estando junto à janela, transmitia tudo que se passava fora. Falava das belezas vistas daquela posição. Certa ocasião ele descreveu um desfile escolar, com as crianças todas fardadas com os emblemas das escolas, descreveu que tinha muita gente assistindo; em segida um desfile militar; por último transmitiu um belo cortejo de pessoas vestidas com roupas antigas, acompanhadas do rei e da rainha e um palhacinho a fazer gracejos. Isso era diariamente e o nosso amigo ficava realmente deslumbrado e com desejo inconteste de olhar a rua.

Os dias se passaram e o seu vizinho teve que ser operado vindo a falecer.

Todos ficaram muito sentidos, principalmente ele que podia saber, diariamente, o que estava se passando lá fora.

Constrangido, mas querendo ficar naquele local privilegiado, pediu a enfermeira de plantão, que lhe trnsferisse de lugar, pois daquela posição ele poderia ver toda a avenida. A enfermeira então lhe disse que daquela janela ele não veria nada, só um terreno baldio desabitado. Ele então falou que não poderia ser já que o seu antido vizinho vinha informando tanta coisa bela, que por lá passava e ela lhe indagou: quém?ele respondeu: o Sr que faleceu há dois dias. Ela disse: não pode ser, Ele era cego!        

23 de abr. de 2012

QUEM CRIOU O UNIVERSO

Quem criou o universo está aqui ao meu lado.
Os naturalistas explicam uma revolução.
Julgá-los é preciso que Deus me dê dados
Sem o quê, julgá-los, por certo, não me cabe não.

Com lógica, pois sou historiador diplomado,
Não aceito essa complicada explicação
Quem criou o mundo foi um ser consagrado
Só pode ter sido Deus em minha opinião.

Acho que o naturalista está equivocado
E a sua pesquisa foge sempre a razão
Se encontramos seres do nosso lado
Que não têm a nossa mesma formação.

Animal que a gente mata, pobre coitado,
Para o alimento de toda a população,
Sempre existiram há tempos, no passado,
E hoje existem e no futuro existirão.

Só o nosso Deus pode ter o nosso universo criado,
Não sou católico e não tenho religião,
Mas, pela lógica, analisei com cuidado,
E que Ele me ajude nessa minha dedução!  

21 de abr. de 2012

PENSANDO NO PASSADO

Olhando o tempo a passar
Eu fico logo a meditar
Lembrando do meu passado
Que eu fiquei acostumado.

Amigos eu tive um bocado,
Crianças pobres para brincar
Assim corríamos para todo o lado,
Picula de se esconder e de pegar.

Mas hoje me sinto muito cansado,
Não de correr nem de me agitar,
É o tempo que passou mal-humorado
Colocou a velhice em mim para me atormentar.

A gente cresce, fica desacostumado,
De fazer tanta besteira sem cessar,
Então envelhece pensando no errado
E volta a ser criança a traquinar!

18 de abr. de 2012

ELA É TÃO FRAQUINHA!

Ele era fanático pelo serviço militar, principalmente pelas forças armadas, mas, como em sua região não tinha quartéis, ele se aproximava dos militares em serviço no horário de menor movimento, para colher informações sobre a corporação que o mesmo servia e como era o seu trabalho, se bom ou ótimo, porque para ele, mais ou menos, nesse setor não deveria existir.

Certa ocasião na cadeia pública, onde cumpriam penas muitos detentos, ele pôde se aproximar e por vezes frequentar a fim de observar o andamento do serviço.

Certa feita presenciou um fato interessante, ele deveria estar com doze a quatorze anos, quando os presos amotinados no espaço do recreio se revoltaram ao ponto de enfrentarem vários policiais armados de fuzis. A rebelião tomou conta do presídio, quando as tropas exigiram o recolhimento dos sentenciados. Ninguém queria obedecer e com armas brancas tentavam enfrentar os policiais. Impressionado ficou o Juquinha quando, em dado momento, a própria tropa chamou Zezinho, um sentenciado que não estava presente. O Zezinho em frente a todos os presos com uma peixeira na mão ordenou que todos se recolhessem no que foi imediatamente atendido. O juquinha impressinado com tamanha valentia daquele pequeno e franzino cidadão gravou logo a sua fisionomia. Cresceu e se fez cadete da Polícia Militar. Já com seus vinte e cinco anos era segundo tenente da referida corporação, estando a serviço na própria região, presenciou uma mulher que batia num homem gritando para ele ir logo para a casa, esse homem o oficial identificou como sendo o Zezinho, que teria cumprido a sua pena e estaria morando na redondeza. E, como ele se espantou, perguntou ao elemento se foi ele mesmo que enfrentou a rebelião dos presos revoltados, há muitos anos passados? Ele respondeu que sim e indagou: vosmicê estava lá? O tenente respondeu que estava mas que era ainda criança, ao tempo em que perguntou se ele estava concordando em ser subjugado por uma mulher? e ele respondeu: o que eu vou fazer seu moço, ela é tão fraquinha!

3 de abr. de 2012

JAMAIS DIGA: NUNCA EU VOU PRERCISAR DE VOCÊ.

Eu tive o meu primeiro emprego de carteira assinada, em mil novecentos e cinquenta e seis. Antes estudava fazendo o curso de cadete da Polícia Militar do Estado da Bahia. Teria terminado o terceiro ano de contabilidade pela Escola Técnica de Comércio, Anexa à Faculdade de Ciências Econômicas da Bahia, obtendo o diploma de Técnico em Contabilidade. Desliguei-me do curso de oficiais e passei a trabalhar como representante de laboratório de produtos farmacêuticos. Nas horas vagas, cantava em dupla com o mano, tendo nos apresentado em vários programas musicais, não só em rádios, clubes, entidades particulares, como na TV Itapoan, canal cinco. Passamos a ser, relativamente, conhecidos e, como sempre estivemos juntos, quem nos visse a sós, logo perguntava pelo outro. Figuramos também no filme baiano: "A Grande Feira" que teve a participação de Antonio Pitanga, Zé Coió e Geraldo Del Rey.

No meu trabalho, houve uma determinação da administração para não ser atendido em medicamentos (amostras grates), aos que ainda fossem estudantes universitários e que só deveria ser feito ao médico diplomado. Isso causou uma celeuma a classe estudantil e como eu fui designado para atender esse setor, tinha que ter jogo de cintura. Comecei a me comportar com relativa elegância, a fim de não causar maior antipatia à categoria. Por vezes, os estudantes me procuravam solicitando isso ou aquilo e eu os atendia no que fosse possível, sem sair da orientação da empresa e sem tornar-me deselegante. Certa ocasião, contudo, apareceu um universitário do penúltimo ou último ano de medicina que, visivelmente nervoso, solicitou-me um produto que só poderia ser dado ao profissional diplomado. Como não o atendi, me atacou com ofensas as mais diversas possíveis.

O tempo passou e eu não mais o vi.

Certa ocasião, quando retornava à minha residência, encontrei minha mãe apreensiva, pois meu irmão que tinha saído de lembreta (vespa), ainda não tinha chegado para o almoço e como alguém teria vindo a minha procura justificando pegar amostras, ela, sendo mãe, com o sexto sentido, pensou no pior. Foi quando, mais afastado, eu vi o meu antigo desafeto, que veio me informar que meu irmão teria sido atropelado em frente à sua residência e ele tomou as devidas providências, no sentido de socorrê-lo, encaminhando-o ao Pronto Socorro.

Saímos juntos para conseguirmos amostras, objetivando diminuir as despesas de medicamentos. Quanto ao sangue ele próprio teria doado para o mano. Ficamos amigos naquele instante, depois não mais nos vimos.

Hoje eu me pergunto: Aonde anda aquele amigo que eu tive a felicidade de me desentender e de pensar que eu nunca iria precisar dele?