18 de jun. de 2012

FREI AVANÇONELA

Frei Gonçalo, era um vigário,
De Aldeias pequeninas,
Mas nunca bancava otário,
Em confessar ás meninas.

Bulia com todas elas
E as namorava também,
De preferência as mais belas,
Às escondidas de alguém.

Mas um dia deu vertigem
Junto do Frei, a Esther,
Diz o padre, todas fingem.

Só vem aqui porque quer,
Eu sou padre e ela é virgem,
Mas sou homem e ela é mulher!

14 de jun. de 2012

TEMPOS DE SERESTA

Lembro-me bem daqueles tempos de seresta,
Quantas saudades eu tive e em mim ficou,
Quando eu trocava tanta coisa, alguma festa,
Para cantar nas noites lindas de esplendor!

Eu percebia as moças lindas, em alguma fresta,
A contemplar-me na minha mocidade em flor,
Quanta alegria e felicidade eu tinha na seresta,
Sonhando encontrar, na época, um grande amor.

O tempo passa e passa rápido, ninguém contesta,
E não se adivinha o seu futuro, se feliz ou sofredor,
Quem somos nós para julgarmos a Magestade Mestra?

Quem somos nós para curtirmos só prazer, sem a dor?
Quando nascemos, quem nos fez, teve uma orquestra,
Pois foi completo, não teve apenas um pobre cantor!

13 de jun. de 2012

NÃO ENTENDO, NÃO ENTENDO(autor desconhecido)

Pelas ruas da cidade
Andava um louco dizendo:
Não entendo, não entendo,
E como alguém lhe perguntasse
O que ele não entendia,
Ele, sem virar a face,
Respondeu com cortesia:
Não entendo, não entendo,
Donzelas, são virgens puras,
Casadas que são tembém,
Viúvas são criaturas,
Que de honestas o nome têm,
No entanto, os asilos da cidade,
De crianças vão enchendo,
De quem são essas crianças?
Não entendo, não entendo!   

9 de jun. de 2012

EU, ELES E O AMOR MATERNO

Costumávamos passar as férias de fim de ano, numa comunidade denominada Cacha Pregos - Itaparica - Bahia, onde a população, na sua maioria , é constituída de pescadores. Os veranistas como nós, são pessoas originárias da cidade do Salvador, Feira de Santana, Nazaré das Farinhas, Santo Antonio de Jesus, Conceição do Almeida, Cruz das Almas e muitas outras localidades do interior baiano.\


A praia é bem agradával, embora que no fim de ano, a afluência de pessoas é muito grande, não oferecendo certa tranquilidade àqueles que buscam sossego depois de um período anual de trabalho. Em razão do exposto,começamos a frequentar a Ponta da Ilha, próximo ao local e bem menos frequentada. Estava deserta no meio da semana do mês de janeiro de 1983, com a presença exclusiva dos nossos familiares.

Essa praia oferece uma estrutura oceonográfica linda, pois, em razão de constante correnteza formam-se belas e aprazíveis coroas, que permitem, quando baixa a maré, à sua travessia. Atraído por essa beleza fomos a uma das coroas, eu, mulher, cunhada e cinco filhos, quatro do primeiro casal e um do segundo, cuja idade variava entre quatorze e um ano.

As marés de vazante não oferecem grande perigo, o mesmo não acontecendo com as de enchente, pois impedem que as pessoas se  equilibrem dentro d´água, mesmo se estiverem os pés no chão. Na referida data, às dez horas, sob um lindo sol, lá estávamos improvisando uma série de brincadeiras, desde o futebol até o jogo de malha. Depois de um intenso exercício, quando a atenção nos faltou, pois nesta mesma noite seria lua cheia e como tal, as marés enchem com rapidez. Quando resolvemos retornar não havia mais possibilidade, a não ser a nado. Dois filhos do primeiro casamento e a irmã de miha mulher conseguiram atingir o outro lado com certa dificuldade. Os outros menores, eu, minha companheira e o neném ficamos juntos. Procurei a parte que julgava rasa e já estava me encobrindo. Os pequenos agarraram-se a mim em forma de desespero, a companheira entrou em pânico. Eu teria que levar o caçulinha, de um ano de idade, nos braços, se pudesse passar andando. Do outro lado só tinha os outros descendentes impossibilitados de nos dar alguma ajuda. A proporção que eu buscava uma saída, mais distante ficava o lado oposto e mais fundo ficava o mar. Em determinado momento, no desejo de resolver parte da situação, simulei que ia atravessaar a nado e encorajei os dois filhos que estavam abraçados à minha perna. Vamos nadem, vocês conseguem! Assim mesmo o de oito anos sentiu dificuldade na travessia e quase que eu me jogo no mar para socorrê-lo. Contudo gritei para os outros que o socorressem, quando percebi que minha cunhada já se aproximava do mesmo. Sanada a situação, respirei fundo: graças a Deus meus filhos estão fora de perigo! Mas, como atravessar com o menor de um ano? Só dispúnhamos de uma boia de isopor pequeníssima, que mal dava para ele colocar parte do corpinho. Desesperado, pois tínhamos que atravessar de qualquer maneira sugeri à minha cara metade: coloque o nosso filho na boia e vamos. Eu faço a cobertura! Ela, com o olhar de espanto, obedeceu... E nos lançamos n`água contra a correnteza. A princípio nadei ao lado dos dois atentamente, quando ela me falou: siga amor, vá embora que nós estamos bem. Nadei desisperadamente a fim de alcançar o outro lado e poder, de alguma forma, ajudá-los, porém , condicionado pelo cansaço e pela emoção, rodopiei sobre as águas sem nenhuma resistência. Tentei boiar, mas não consegui. Ela e o nosso pequenino se equilibravam milagrosamente, sem nenhuma proteção aparente, rompendo a força da maré, a pouca distância de mim, como se as velocidades despendidas entre nós fossem equilibradas. Ainda na incerteza de sermos salvos, lembrei-me de Deus e ele estava presente, então percebi que os meus pés já tocavam na areia, contudo sem poder manter o devido equilíbrio, enquanto mãe e filho continuavam flutuando como ninguém, salvos pelo instinto de proteção que Deus criou em todos os animais quando existe amor materno!        
     

2 de jun. de 2012

VOCÊS

Como me lembro de vocês pequeninos,
Quantas saudades eu sinto de vocês,
Vocês cresceram e eu e me tornei menino,
A gente cresce e volta a ser criança outra vez.

Fico a chorar e a pensar no meu destino,
Pedindo a Deus por todos aqueles que a gente fez,
Vocês cresceram e eu voltei a ser menino,
Lembre-se de mim, como eu me lembro de vocês.

Mas, eu só queria vê-los outra vez pequeninos,
Eu, sendo criança, brincaríamos juntos com sensatez,
Ia correr o tempo inteiro: matutino e vespertino.

Que felicidade e alegria eu teria outra vez,
De ser criança e brincar sem desatino
E conviver no fim da vida com vocês!