9 de fev. de 2012

CONFISSÃO DE UM CAIPIRA APAIXONADO

Seu Padre eu vou lhe contá,
O que se passou por lá,
Com esse caboco João:
A história é muito fremosa,
Que passou com eu e a Rosa,
Lá prás bandas do Sertão.

Esse caso é afamado
Só pro fato de ser dado
Ao caboco, a condição,
De levá o ano inteiro,
Como cabra prisioneiro
Das grades dessa paixão.

São passados cinco anos,
Que eu conheci a caboca
E que nosso amô nasceu,
Eu beijava a sua boca,
Essa paixão era louca
Inté que um dia morreu.

Morreu pruque um dotô,
Só pru mode tê amô
Com ela quis sê feliz,
Carregando com a caboca
Deixando minha alma louca,
Meu coração assim diz.

Eu fiquei desesperado,
Quis matá esse danado
Que minha vida levô
E jurei pru minha amada,
Que seria bem vingada,
A paixão que me robô.

E um dia , pensei vingá,
Corri pra estrada deserta,
Por trás da moita coberta,
Esperei ele passá,
Mas quis lhe dizê primeiro,
Que o cabra prisioneiro,
Das grades dessa paixão,
Não matava um forasteiro ,
Por trás da moita, a traição.

Só matava com ciência,
Pra que a luz da providência
Nele pusesse o perdão.
Era seis horas da noite,
Já começava a tardá,
Na igreja da Capelinha
As badalada a tocá.

Quando avistei a Rosinha
Trazia nos braços a filhinha
E se vinha para cá,
Pela pobre criancinha
Fui forçado a perdoá,
E foi assim, meu pecado,
Veja se tenho perdão,
Por Nosso Senhor Jesus Cristo:
Tenha de mim compaixão!  

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